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Redução da Selic pode impulsionar troca de dívida no crédito imobiliário

8 mar 2017 – Contabilidade / Societário

As concessões mais caras feitas com taxas pré-fixadas devem incentivar tomadores a optar pela portabilidade com juros menores, ou pela devolução de imóveis às instituições financeiras

Com a expectativa de uma queda maior da taxa básica de juros (Selic), os financiamentos imobiliários com taxas pré-fixadas devem impulsionar a troca de dívidas e a tomada de imóveis por parte dos bancos até 2018.

A expectativa do mercado, porém, é de novas concessões. A rolagem de dívida acontece, principalmente, pelo encarecimento do empréstimo na comparação com os juros atuais.

Diferentemente das contratações feitas com base na Taxa Referencial (TR), os financiamentos imobiliários com taxas pré-fixadas até setembro de 2016, por exemplo – quando a Selic ainda estava em 14,25% -, não estão sujeitos às alterações da Selic, que foi cortada para 12,25% no final do mês de fevereiro.

Ainda somada às altas parcelas, está a incerteza em relação à atividade econômica do País e ao índice de desemprego, que ainda deve crescer no primeiro semestre.

“A probabilidade é que em 2018, quando a Selic já mostrar queda mais significativa, parte dos clientes exerça um movimento mais forte de repactuação de taxas ou portabilidade [troca de dívidas com outros bancos]”, avalia o superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, Fabrizio Ianelli.

Nesse cenário, porém, a inadimplência de 15 a 90 dias no setor dá mais espaço à perspectiva de desistência do imóvel pelo tomador.

Segundo dados do Banco Central (BC), os atrasos de 15 a 90 dias em janeiro frente igual mês de 2016 mostraram aumentos de 3,5 pontos percentuais para pessoas jurídicas e de 1,3 ponto percentual para pessoas físicas.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho, apesar dessa aceleração no retorno de imóveis, “o fundo do poço já passou”.

“Perto do total da carteira esse número ainda é muito pequeno e, ao invés de demonstrar sinal de alerta, mostra resiliência. No ponto que estamos, ainda podemos ver um primeiro semestre difícil, mas não vamos mais piorar”, acrescenta.

O superintendente do Santander, Fabrizio Ianelli, ainda lembra que, mesmo que ainda existam concessões feitas no período de altas taxas de juros, os bancos foram diligentes e, por isso, a disposição de recursos não foram significativas

“Grande parte do funding que lastreia essas concessões é da poupança e tem taxas baseadas em TR, o que limita esse impacto da Selic. A previsão, agora, é positiva”, comenta.

Ressaca

Os executivos reforçam que a qualidade do crédito, mantida pela maior exigência dos bancos pela concessão, garante uma boa perspectiva para o setor. “O primeiro semestre ainda será de dificuldades, mas a partir da melhora macroeconômica o segmento já mostrará alta. Para o Santander esperamos crescimento de até 20% este ano em relação a 2016”, afirma Ianelli.

Para o presidente da Abecip, Gilberto Abreu, porém, o setor, no geral, sentirá este ano como uma manutenção do ano passado. “Apesar do descolamento muito grande da poupança já vemos números muito melhores. Ainda sentiremos a ressaca da crise, mas em 2018 já esperamos falar de crescimento e novos negócios”, conclui.

Contatados pelo DCI, a Caixa e o Banco do Brasil afirmaram, por meio de nota, visões positivas para o segmento de crédito imobiliário. Bradesco e Itaú não responderam até o fechamento desta reportagem.

Fonte: DCI – SP

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