23 mar 2021 – Economia e Finanças
No mercado de ações ou em qualquer outra modalidade de investimento, o investidor precisa saber onde está pisando para criar uma carteira de investimentos rentável. Antes disso, é necessário evitar aqueles errinhos comuns que podem comprometer seus rendimentos e minar a sua confiança, principalmente quando se está começando no mundo dos investimentos.
O InvestNews conversou com o especialista em ações da Levante, Eduardo Guimarães, que apresentou os principais erros dos investidores iniciantes e, acima de tudo, como evitá-los.
Confira abaixo os 7 principais erros ao começar a investir:
1 – Não diversificar
Diversificar ao construir rentabilidades no curto, médio e longo prazos ajuda a estar resguardado em caso de oscilações e imprevisibilidades, já que seus investimentos não vão depender do retorno de apenas um ativo.
Na renda variável, deixar investimentos muito concentrados em apenas um tipo de investimento nunca é uma boa opção para uma gestão de risco do portfólio, de acordo com o especialista.
“Quem não diversifica a carteira o suficiente e deixa posições muito grandes pode ter uma surpresa negativa, pois até o Tesouro Selic perdeu dinheiro nesses dias. Um dos grandes erros é não diversificar, inclusive por moeda. Para quem investe em ações, é quase inadmissível não investir na bolsa americana”, recomenda.
2 – Não dar tempo ao tempo
As pessoas tendem a focar em resultados de curto prazo, porém não existe milagre quando o assunto é investimento. Até pode acontecer de uma ação valorizar 100%, mas dificilmente uma carteira, como um todo, terá esse ganho.
Além disso, é importante estar atento aos prazos de resgate dos investimentos. Caso você precise do dinheiro antes do vencimento, pode até conseguir resgatá-lo, mas é quase certo que verá parte da remuneração ir pelo ralo, além de estar sujeito ao pagamento de IR maior, pagar maiores taxas e multas.
No caso do resgate antecipado, por exemplo, quem deixa o dinheiro em um CDB (Certificado de Depósito Bancário) por menos de 30 dias tem que pagar ainda o IOF, que é um imposto mais agressivo, que chega a 96% para um dia de aplicação.
A recomendação é ter uma reserva de emergência antes de partir para investimentos de longo prazo.
3 – Investir ‘apostando’
Tem muita gente que é “investidor-torcedor”, que acompanha o mercado financeiro apenas torcendo para que os investimentos se valorizem porque ouviu o conselho de alguém, na maioria das vezes, de um analista não licenciado. Se o retorno não vem, ou o mercado oscila drasticamente, o desespero bate e o investidor inexperiente corre para sacar ou vender seus ativos.
Investir é entrar em uma sociedade. Por isso, é necessário agir como tal, analisando constantemente a empresa e os riscos. Além do mais, até mesmo os traders esportivos precisam investir racionalmente, fazendo análises e verificando quais são as melhores oportunidades com base no objetivo e no perfil do investidor.
“Quer “apostar”? Aposte pouco, cerca de meio por cento do patrimônio”, recomenda o analista.
Vale lembrar que o trading esportivo é um tipo de investimento ainda não regulamentado no Brasil, ao contrário de outras modalidades, como a própria Bolsa de Valores.
4 – Esquecer os riscos
Até mesmo os investidores mais experientes estão suscetíveis a um revés em suas aplicações. É preciso ter consciência da volatilidade de algumas modalidades de investimentos, principalmente se a busca é por lucratividades mais agressivas.
“Olhar só para o retorno e não olhar risco é um grande erro. Se uma carteira rendeu 10% e outra 5%, mas o investidor não sabe quais são os riscos daquelas ações, não adianta muito”, alerta o analista. O importante é não desistir de investir, pois uma derrota sempre oferece lições valiosas.
5 – Ignorar o ‘Leão’
Na maioria das vezes, os investidores apenas se atentam ao retorno bruto dos investimentos e esquecem que é necessário projetar os rendimentos já com todos os descontos.
“É preciso olhar o retorno líquido, depois do imposto e depois de todos os custos de taxas que se tem — e muitas vezes estes custos não estão tão claros”, alerta.
Ainda de acordo com o analista, a maior parte dos brasileiros desconhece algumas vantagens do mercado interno, como por exemplo, que na venda de ações abaixo de R$ 20 mil mensais, o Imposto de Renda não é cobrado. Outro exemplo são os dividendos, que além de serem isentos de impostos, dão um retorno considerável a longo prazo.
6 – Falta de disciplina
Hoje está muito mais fácil acompanhar o mercado financeiro, já que existem ferramentas como comparadores de fundos, simuladores e corretoras de investimentos com analistas especializados que dão suporte diário.
Por isso, não há desculpas para abandonar seus investimentos. “O brasileiro sempre negligenciou a inflação na sua carteira e ainda está aprendendo a lidar com essas flutuações de curto prazo, por isso mesmo é necessário ter disciplina. Um ganho de 10% não tem o mesmo peso de uma perda de 10%, por exemplo”, diz o analista.
7 – Não estudar
De acordo com a pesquisa Ibope Inteligência, encomendada pelo banco C6 Bank em 2020, somente 21% dos brasileiros das classes A, B e C, com acesso à internet, tiveram educação financeira durante a infância. Sendo assim, é razoável a dificuldade dos brasileiros em lidar com as finanças e, consequentemente, com investimentos.
“Por questões culturais e de educação, já que o brasileiro não aprende na escola sobre matemática financeira e juros compostos, por exemplo, demora um tempo para a gente quebrar essa cultura do CDI, de rendimento de 1% ao mês na renda fixa, sem risco e com liquidez. Isso é uma coisa que não existe mais”, explica Eduardo.
“Um dos principais erros do investidor é estudar pouco. Tem gente que investe no fundo sem saber como ele funciona. Você não precisa ser um especialista, mas precisa entender. Para começar, meio hora por dia é suficiente”, finaliza.
Fonte: Invest News