30 Out 2019 – Economia e Finanças
Governo federal ainda vai negociar com a nação asiática em quais áreas deve utilizar os recursos
A comitiva que acompanha o presidente Jair Bolsonaro na Ásia anunciou nesta terça-feira (29/10), que a Arábia Saudita vai investir US$ 10 bilhões — aproximadamente R$ 43 bilhões — do seu fundo soberano, o Investimento Público Saudita, no Brasil. Por enquanto, ainda não ficou estabelecido quando o dinheiro será repassado ao governo federal nem em quais áreas os recursos serão utilizados.
De Riade, capital do país do Oriente Médio, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ressaltou que “nos últimos 10 anos, não teve nada parecido com isso”. Segundo ele, em um intervalo “de duas a três semanas”, Brasil e Arábia Saudita devem instituir um “conselho de cooperação” para solucionar as questões pendentes. A negociação deve “dar fluidez na aplicação” do dinheiro do fundo, e a estimativa do Poder Executivo é de que o valor possa ser aplicado já a partir de 2020.
Apesar disso, o ministro acredita que boa parte do investimento seja destinado à carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. “No ano que vem, o PPI tem um conjunto muito grande de ofertas, quer na área de óleo e gás, quer na área de portos e aeroportos, rodovias e ferrovias. Temos, por exemplo, grande interesse na Ferrogrão (Ferrovia EF-170), do Mato Grosso ao Pará, importantíssima para o Brasil. São praticamente mil quilômetros de ferrovia, tem um custo estimado em mais de US$ 3 bilhões”, detalhou Onyx.
O chefe da Casa Civil também fez questão de destacar que a confirmação do investimento “é uma notícia extraordinária”. “Demonstra que toda a estratégia montada pelo ministro Ernesto (Araújo, das Relações Exteriores), e que vem sendo cumprida pelo presidente (Jair Bolsonaro), faz com que o Brasil se relacione com as maiores e melhores economias do mundo, diferentemente do que acontecia antes, e nos dá perspectiva de poder crescer não apenas com os investimentos nossos, mas apoiados em uma grande confiança internacional”, comentou.
Bolsonaro não esteve presente durante o anúncio oficial. Nesta manhã, ele já havia evitado jornalistas e encerrado uma entrevista ao ser questionado sobre o vídeo publicado na segunda-feira (28/10) em sua conta oficial do Twitter na qual ele aparece como um leão sendo atacado por um grupo de hienas, representadas por entidades como o Supremo Tribunal Federal (STF), a Organização das Nações Unidas (ONU), dentre outras.
De qualquer forma, Ernesto Araújo deu créditos ao presidente, ao dizer que a concretização do acordo demonstra “empenho diplomático” do chefe do Palácio do Planalto. “Nós temos visto isso de maneira palpável, um interesse enorme, a percepção do Brasil como um grande destino de investimentos e parceiro de negócio. Então, é a conjunção disso, não é um fenômeno isolado, temos visto isso em todos os países pelos quais passamos nesse périplo e também em conversas com o setor privado”, disse o chanceler.
Segundo o ministro, a partir de agora, a tendência é de que mais fundos soberanos invistam no Brasil, pois o mundo está “percebendo que o Brasil é incomparável em termos de taxas de retorno e quantidade e qualidade de portfólio de investimentos”. “Acho que vai gerar também um efeito de emulação, com vários outros fundos buscando investimentos no Brasil”, frisou.
No Twitter, o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, escreveu que “o valor (US$ 10 bilhões) é dez vezes superior ao do espaço fiscal disponível para investimentos no orçamento do ano que vem”. “O presidente Bolsonaro está cumprindo a promessa de promover crescimento por meio de investimentos privados e não de intervenção estatal.”
Com o anúncio, o Brasil se torna o sexto país a receber investimento do Investimento Público Saudita, cuja carteira está estimada em US$ 320 bilhões. Também recebem recursos do fundo soberano árabe Estados Unidos, Japão, França, Africa do Sul e Rússia.
Fonte: Correio Braziliense